Domingo, 10:00 tento me vestir da forma mais desencanada possível. Decidi não me preocupar.Coloquei tênis, jeans e uma camiseta branca com um detalhezinho em baixo.
Deixei o cabelo solto e nem passei tanta maquiagem. Me sinto uma idiota ainda dando chances pra ele.Não existe mais amor... eu não o amo mais.
Campainha toca.Eu pego minha bolsa xadrez e abro a porta.
- Ooi. Você ta linda – ele disse me olhando de cima a baixo -
- Hm. – eu respondi. -
- Então, primeiro, parque certo?
- Uhum.
- Ta.
Subi na moto preta dele e fomos a toda velocidade para o parque. O dia não estava frio nem calor. Tinha um sol indeciso, tipo “ aáh vou fazer as pessoas pensarem que tem sol mas vai ficar com nuvens o dia inteiro”. Chegamos lá e sentamos em uma daquelas mesas de cimento com banquinhos redondos e um “teto” enorme para proteger do sol.
- Então... você não falou nada o caminho todo. – ele começou
- E porque eu deveria ? Não é você que quer converssar ?
- Olha, não precisa ser grossa comigo.
- Verdade, nem tenho motivos. Certo ? – eu disse irônica -
- É o seguinte... na verdade... eu beijei a Priscila porque...bom, não é importante.Sinceramente, é uma coisa besta – ele infelizmente soôu sincero – Amor, é sério, eu te amo.
- Se me amasse não teria me traído.
- Eu estava pegando refrigerantes para a geladeira e ela me agarrou.
- E você agarrou de volta. Te conheço, se você não quisesse teria empurrado ela.
-Thais....
- Para! Chega de tentar me fazer acreditar nas suas desculpas.Foi... muito horrível o que você fez – engoli algumas lágrimas- Nunca pensei que chegaria a tal ponto, e não sei oque eu fiz pra merecer isso!
- Thais, você precisa acreditar em mim.
- Difícil de areditar em você.
- Você sabe que eu não sei mentir.
- Mentiu muito bem pra esconder que tava pegando a Priscila.
- Amor....
- Não me chama de amor. Vamos terminar logo esse dia, não quero mais sofrer por sua causa.
- Você nunca vai me perdoar?
- Depende. Até que ponto você é capaz de ir por mim ?
Acho que aquela músicas tristes de casais separados seriam uma boa pro momento.
Na lanchonete, não conversávamos. Ele estava sem graça. Pareciamos aqueles casais que “namoram” a duas semanas e não sabem o que fazer quando estão sozinhos.Ele pegou na minha mão. Eu deixei.Estava cansada de ser tão... má com ele. Tentei puxar assunto:
- Te contei que me inscrevi pra escola de teatro Harley’s ?
- Sério ? Tomara que você seja aceita.
- Tomara...
- Posso dizer uma coisa ?
- Uhum.
- Ao invés de irmos ao cinema, que tal irmos a minha casa ?
- Não acho que é uma boa idéia e foge do combinado.
- Mas posso fazer pipoca e tem filmes lá em casa.
- Ta, pode ser....
Comemos os melhores hamburgueres do mundo na minha lanchonete favorita e depois de pagar a conta fomos para a casa do Gustavo.De certa forma, não consigo dizer não. Uma parte de mim ainda o ama completamente.Na verdade, a maior parte de mim.
Quando chegamos, me sentei no sofá,ele trancou a porta e ligou a tv. Foi um dia bem vazio já que nós não converssávamos muito. Por um minuto reparei que estávamos sozinhos, mas esqueci logo por que não devia ter ido a casa dele.
Gustavo ligou a televisão e pediu para que eu escolhesse um filme. Eu disse que qualquer um. Então, ele desligou a tv e não ia ligar até eu escolher um. Depois de mais um pouco de silêncio...
- Vou pra casa. – eu disse -
- Não, o dia não acabou.Até o fim do dia você ainda é minha.
- Não. Apartir do momento que você tem alguém além de mim, não sou mais sua.
- Thais...- ele olhou bem no fundo dos meus olhos e pegou minha mão – por favor, me diz o que tenho que fazer pra te ter de volta.Nada vai funcionar sem você aqui. Foi um erro, eu me arrependo pra sempre.Por favor...
Eu sabia que ele estava fingindo. Ou não estava ?Não sabia o que fazer, estava sem palavras pra responder. Meus pensamentos estavam a milhão. Podia sentir o sangue correr mais rápido e o coração bater mais forte.Não sentia minhas pernas. Uma lágrima percorreu meu rosto.Comecei a tremer.Não resisti a tentação e o beijei. Fraquejei mais uma vez.
- Para! – eu disse -
- Oque ?
- Não... não.Ta tudo errado. Era só uma converssa.Não chega perto de mim com... seu jeitinho doce e... seu sorriso de lado.
- Thais...
- Para. Eu vou embora.
- Mas...Thais...
- Sem mas thais, Gustavo.
Fui embora me sentindo um lixo nojento cheio de moscas em volta jogado na rua.
Quando cheguei em casa, dei oi pros meus pais que ficou em vão, peguei uma carta que havia chegado pra mim e fui pro meu quarto. Tranquei a porta. Abri a carta.
“Cara senhorita Thais Almeida,
viemos por meio desta para infelizmente informá-la que...”
Não precisava ler mais nada. Não fui aceita. E todo meu sonho ? Nem precisava mais ser famosa. Só queria atuar.Poxa, eu estudo como louca, eu trabalho feito louca, eu faço tudo certo e tudo da errádo pra mim. É o universo inteiro se revoltando e... eu sou o alvo. Por queeeeeeee?Porque a vaca da Priscila que nem trabalhar trabalha pode tirar o MEU homem de MIM? Eu mereço mais.
A ana tem razão. Parei.Não vou ligar pra mais nada. Vou ser do jeito que quero ser.Extravazei isso com um grito. Afundei o rosto no travesseiro. Apaguei.
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