quinta-feira, 10 de junho de 2010

Post da Gi : Débora a dona do diário cap. 2

Quarta-feira, 21 de abril; aula de Biologia

   Tudo bem, pode ser que minha mãe tenha razão. É MESMO estranho falar com uma tartaruga. Mas a Pituca me entende. Quer dizer, o Leo também me entende. Mas a Pituca... não sei, gosto mais de falar com ela.
   Por falar em Leo, acho que eu não “apresentei” meu amigo. Leonardo, meu melhor amigo. Há muitos boatos na escola dizendo que ele é gay, ou qualquer coisa do tipo. Mas NÃO TEM NADA A VER! O Leo é tão garoto quanto qualquer outro garoto (tirando o fato de que ele me entende completamente e que é totalmente sensível ao sentimento alheio). Mas enfim, hoje tivemos que passar por mais uma situação... Desagradável.
   Estávamos na fila para o lanche e um cara gritou, ao nos ver:


Cara: Olha o gay e a amiguinha tonta dele gente!


   De verdade, às vezes eu fico tão impressionada com a infantilidade dos outros que prefiro ficar na minha.
   Mas até ai tudo bem. As pessoas nos zoam praticamente o tempo todo. Já me acostumei. A situação desagradável foi quando nos sentamos para comer.


Leo: Debi, você acha mesmo que eu pareço gay?


Eu: Claro que não Leo. Você sabe que eles só fazem isso porque nós não somos populares.


Leo: Débora, esse negócio de gente popular zoando gente não-popular só acontece em filmes. É bom voltar para a realidade de vez em quando.


Tenho que admitir que fiquei surpresa com esse comentário do Leo. Quer dizer, ele NUNCA havia falado desse jeito comigo.


Eu: Acontece que na NOSSA escola, as coisas funcionam assim. Você não percebe que os populares só andam em grupinho? Sempre foi e sempre será assim. E por que a grosseria? Falei alguma coisa de mais?


Foi ai que me surpreendi AINDA MAIS. Leo começou a chorar.


Leo: Me perdoa Debi, é só que... Eu não quero mais ser chamado de gay. Não tenho nada contra mas... Eles falam de um modo tão pejorativo...


Eu o abracei.


Eu: E você liga Leo? Até parece que eu gosto de ser chamada de “amiguinha tonta do gay”.


Leo: Você sabe que não é tonta.


Eu: E você sabe que não é gay.


Ele olhou para o chão e o sinal tocou.


Leo: Acho melhor irmos, o sinal tocou.


Eu: É, vamos.


   E cada um foi para sua sala.

   Isso foi tipo... A coisa mais estranha que já aconteceu comigo (e olhe que muitas coisas estranhas já aconteceram comigo). Quer dizer, eu e o Leo nunca havíamos falado assim um com o outro.

   Ai não, o professor viu o diário. Acho melhor guardar o diário antes que ele pegue.


Até mais.

Nenhum comentário:

Postar um comentário